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No País, 74% das pequenas empresas já utilizam a Inteligência Artificial

No País, 74% das pequenas empresas já utilizam a Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial (I.A) é um caminho sem volta e uma realidade para micro, pequenas e médias empresas. É o que aponta uma pesquisa feita pela Microsoft, que identificou que 74% das pequenas empresas já utilizam a funcionalidade no seu cotidiano. No Rio Grande do Norte, interlocutores do setor de tecnologia apontam que empresas de diferentes portes e trajetórias no mercado já estão adotando a I.A em processos internos e externos. No entanto, especialistas apontam dificuldades e resistências de determinados setores da economia em aderir ao uso da tecnologia no dia-a-dia.

A pesquisa aponta que independente do porte das empresas, o uso da IA no dia a dia já faz parte da realidade do mercado. Ao menos 59% das empresas ouvidas na pesquisa afirmaram terem avançado na adoção de IA em 2023. Entre as motivações, 61% dizem querer melhorar a satisfação e atendimento ao cliente; 54% buscam eficiência, produtividade e agilidade; 46% querem garantir a continuidade dos negócios e 40% não querem ficar atrás dos concorrentes.

“O Sebrae entende a necessidade cada vez maior da adoção da I.A por parte das MPEs, como diferencial competitivo nesse mercado tão acirrado. Nós já temos um Programa chamado ALI – Agente Local de Inovação que auxilia o empresário a identificar os principais gargalos na empresa e o auxilia na resolução desses problemas utilizando diferentes tecnologias. O empresário que for selecionado para participar do programa ALI Transformação Digital, recebe um voucher de R$ 2 mil para auxiliar nas primeiras contratações tecnológicas”, aponta o analista técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN), David Gois.

Para o diretor adjunto de projetos do Instituto Metrópole Digital (IMD), Itamir Barroca, as empresas estão cada vez mais investindo como forma de se manterem competitivas no mercado. O especialista explica, por exemplo, que robôs automatizados de pequenas empresas, como lanchonetes e clínicas, podem ser considerados usos de I.A no mercado. “Os chatbots também são modelos inteligentes”, explica.

“Existem várias iniciativas em diversos segmentos que estão adotando o uso da I.A para alcançar produtividade e diminuir processos repetitivos e automatizados, tanto para clientes quanto para uso interno. Sempre há uma tentativa de melhorar a produtividade, processos internos, a I.A entrou como uma ferramenta importante para se alcançar isso”, disse ele.

O Grupo Interjato, conjunto de empresas referência em soluções de tecnologia para empresas e órgãos públicos, adotou a I.A há cerca de um ano de maneira “transversal”, com praticamente todos os setores sendo impactados.

“A I.A nos auxilia de duas maneiras: primeiro na parte de predição de problemas, porque aí começa-se a entender que quando aparece uma situação em um lugar e em outro, um ser humano com muita bagagem quando faz a análise ele entende que há evidências de um problema. Uma I.A consegue fazer essa antecipação. E segundo é não só na predição mas também fazendo a própria correção desse problema. Dá para fazer comandos corrigindo isso, como algum rompimento de fibra, queda de link, refazer essas é um trabalho bem estratégico”, aponta o CEO da Interjato, Erich Rodrigues.

Ainda segundo Erich, os setores jurídico e de marketing da empresa também foram impactados de maneira positiva desde a adoção da I.A. Ele aponta ainda que a empresa instituiu premiações internas para as melhores aplicações de I.A no dia a dia. “O que observamos é uma agilidade no trabalho das pessoas. Há tarefas que estão sendo resolvidas por 1/10 do tempo, claro que não são todas. Nosso pessoal do marketing constroi e-mails de relacionamento, postagens e roteiros de vídeo com as ferramentas de I.A com grau de produtividade altíssimo. Até nosso jurídico tem utilizado com bastante sucesso essas ferramentas”, acrescenta.

O diretor de marketing da CDL Natal, Bruno Félix, pondera sobre os números da Microsoft e aponta que a realidade em Natal ainda não é a mesma da pesquisa. Segundo ele, há uma resistência e desconhecimento da tecnologia de alas do comércio natalense.

“Essa realidade ainda não é nenhum pouco sentida em Natal. O que a gente vê é que existe um nível de analfabetismo digital gigantesco do pequeno e médio. Muitos sequer têm o download do Chat GPT, que é a I.A mais conhecida. Muitos, quando vamos fazer consultorias, também não sabem usar o WhatsApp Business, as respostas automáticas, o catálogo digital. Os especialistas falam que 2023 foi o ano da descoberta no sentido de tornar popular e que 2024 seria o ano da aplicação, mas para quem? Para que nível de maturidade tecnológica e digital? No Nordeste brasileiro, de maneira geral, ainda temos uma resistência grande à tecnologia”, acrescenta.

Áreas de finanças e tecnologia investem na IA

Entre as principais justificativas de empresas potiguares para investir na I.A estão a agilidade de processos internos, ganho de tempo e melhoria no atendimento ao cliente. Uma dessas pequenas empresas que utilizam a I.A no seu cotidiano é a startup tecnológica NUT Tecnologia, incubada no IMD e focada em soluções tecnológicas inovadoras para empresas. A solução já está em uso em vários hospitais de todo o Brasil numa parceria com a Claro, segundo Itamir Barroca, que é sócio investidor.

“Utilizamos a I.A para classificação de risco de pacientes, a partir dos monitores paramédicos. É muito importante num cenário de UTI esse acompanhamento mais próximo, verificando a intensidade do problema e o risco de morte daquele paciente. Temos um modelo inteligente que faz uma estimativa do tempo de internação, pois durante a pandemia percebemos que a UTI é um insumo caro e extremamente importante. Então se conseguirmos um melhor planejamento dessa UTI, mais teremos capacidade de utilização daquele recurso. Se temos um paciente que está num risco menor, conseguimos reconduzir aquele paciente para uma enfermaria. Esses modelos desenvolvidos trabalha justamente essa questão de atualizar inteligentemente em dados o monitoramento de pacientes”, explica o sócio investidor, Itamir Barroca.

Outra empresa potiguar que têm utilizado a I.A no cotidiano é a fintech LCC.hub (Lucrando Com Crédito), plataforma de soluções financeiras que conecta empresário e empreendedores em qualquer lugar do Brasil a instituições financeiras e dezenas de fundos de investimentos.

“Hoje a nossa tecnologia de inteligência artificial, em parceria com a OpenAI e o Google para Startups, busca a criação, a conversão e a análise de diversos produtos financeiros personalizados para o perfil da empresa, otimizando o atendimento ao cliente e agilizando a coleta de documentos necessários com classificação e extração de dados por IA, inclusive a nossa ferramenta de IA para análise de documentos é uma ferramenta única e customizada, treinada pelo nosso time, todos programadores do Rio Grande do Norte”, explica o diretor da LCC.hub, Allan Liderzio.

O diretor explica ainda que a empresa está desenvolvendo outra I.A para aplicação o desenvolvimento de uma plataforma inovadora utilizando Geração Aumentada por Recuperação (RAG) para criar um agente especializado em soluções financeiras de crédito e de identificação de projetos com potencial de apoio à inovação, implementando a inteligência artificial de ponta a ponta no processo de solicitação do cliente.

“I.A é um caminho longo a percorrer”

O diretor de marketing da CDL Natal, Bruno Félix, aponta ainda que as empresas em Natal e no RN possuem um “longo caminho a percorrer” acerca do uso da I.A em seus negócios e empreendimentos. A busca pela informação, segundo ele, deve ser constante por parte dos empreendedores.

Uma oportunidade que se abre, segundo ele, será o Future-se, nos dias 04 e 05 de abril, com um encontro entre empreendedores, lideranças empresariais e os principais players do mercado se reunirão no Centro de Convenções para uma imersão em empreendedorismo, negócios, varejo, pessoas, novas habilidades, e tecnologia. O diretor explica que haverá um espaço focado somente na Inteligência Artificial.

“O Future-se terá um palco específico sobre I.A e transformação digital. Traremos especialistas locais e de fora para discutir esse tema. Reunimos essas lideranças para falar somente sobre esse assunto e mostrar a importância da I.A e como pode fazer diferença nas vendas e no relacionamento com o cliente”, aponta Bruno Félix.

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