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Com dólar alto, Brasil vê ameaçado posto de 8ª maior economia do mundo em 2024

Com dólar alto, Brasil vê ameaçado posto de 8ª maior economia do mundo em 2024

Com a desvalorização do real frente ao dólar, será mais difícil para o Brasil ultrapassar a Itália e fechar 2024 como a oitava maior economia do mundo, como apontavam estimativas feitas no começo do ano e que foram, inclusive, comemoradas pelo presidente Lula.

Levantamento elaborado por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, mostra que o Brasil terminaria 2024 estacionado na 9ª posição, considerando as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia mundial e a taxa média de câmbio no ano até 16 de julho.

“Se encerrasse o ano agora, o Brasil seria a nona economia. Por que ainda não é? Porque ainda temos todo o restante do ano para ver como a moeda irá se comportar e saber como essa taxa de estimativa de crescimento do PIB irá se manter também”, afirma o economista.

O Brasil foi sétima maior economia do mundo entre 2010 e 2014. O Brasil saiu do top 10 em 2020. Em 2022 ficou na 11ª e, em 2023, subiu para para a 9ª posição. A última vez que o Brasil esteve na posição de 8ª maior economia do mundo foi em 2017.

Veja abaixo a lista da projeção atual para as 10 maiores economias em 2024:

Ranking das maiores economias em 2024 – em US$ bilhões correntes
Posição País US$ bilhões Part.% 2024
Estados Unidos 28.781,1 26,4%
China 18.532,6 17,0%
Alemanha 4.591,1 4,2%
Japão 4.110,5 3,8%
Índia 3.937,0 3,6%
Reino Unido 3.495,3 3,2%
França 3.130,0 2,9%
Itália 2.334,7 2,1%
Brasil 2.274,3 2,1%
10º Canadá 2.218,5 2,0%
11º Rússia 2.056,8 1,9%
12º México 2.017,0 1,8%
13º Austrália 1.790,3 1,6%
14º Coreia 1.760,9 1,6%
15º Espanha 1.647,1 1,5%
Total 15 Maiores 82.677,4 75,8%

Fonte: FMI-WEO e BACEN – Cálculos e Elaboração: Austin Rating

O que explica a piora das expectativas

Em maio, o Ministério da Fazenda aumentou, de 2,2% para 2,5%, a estimativa de crescimento do PIB do Brasil em 2024. A projeção revisada deve ser divulgada nesta quinta-feira, 17.

O FMI reduziu na semana passada a estimativa de crescimento do Brasil neste ano para 2,1%, 0,1 ponto percentual a menos do que o calculado em abril. Para o PIB da Itália, foi mantida a projeção de crescimento de 0,7% no ano. Mas mesmo crescendo bem mais, o país pode ficar atrás no ranking das maiores economias do mundo em razão da diferença de comportamento do câmbio dos países em 2024 e da métrica usada pelo FMI, de câmbio médio, para o cálculo do PIB do ano em dólar.

Agostini explica que o real se tornou uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2024 e que, dependendo da taxa de câmbio média até o final do ano, há risco até mesmo do Brasil ser ultrapassado pelo Canadá e cair para a 10ª posição do ranking de PIB global.

“O Brasil tem uma desvalorização da moeda de 11,3% no ano e o euro, de 1,3%. Dependendo da situação daqui para frente, se continuar desvalorizando o real, o Brasil pode até cair para a décima posição caso o dólar fique acima de R$ 5,40 até o final do ano”, afirma o economista-chefe da Austin Rating.

Em abril, quando o FMI projetou o Brasil fechando o ano como a oitava maior economia, o dólar estava cotado a R$ 5,18. Nesta segunda-feira, a moeda dos EUA voltou a fechar em alta, a R$ 5,485 para a venda.

A subida de patamar do dólar no Brasil tem sido atribuída ao aumento dos ruídos políticos e preocupações com o equilíbrio fiscal brasileiro, que já levaram os mercados a precificar que não haverá mais cortes na taxa básica de juros (Selic) em 2024.

Apesar do dólar mais alto, os analistas de mercado ainda trabalham com o cenário de câmbio um pouco menos pressionado até o final do ano, em meio a expectativa de início dos cortes de juros nos EUA. A mediana do relatório Focus do Banco Central para a cotação do dólar no fim de 2024 está atualmente em R$ 5,22, contra R$ 5,13 um mês atrás.

O economista destaca que o último relatório do FMI sobre o país aponta um relativo otimismo para a trajetória da economia brasileira e que os “tropeços” do Brasil estariam mais ligados a fatores domésticos do que externos, como as dúvidas sobre a capacidade do governo de controlar o crescimento da dívida pública.

“O que precisa é ter menos ruído político no ambiente econômico. Mais fatos e menos conjecturas. Ou seja, é preciso passar um sinal de confiança aos investidores de que a condução da economia tende a ser mais equilibrada possível no que diz respeito ao controle das contas públicas e da preservação da instituição autônoma do Banco Central” acrescenta Agostini.

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