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Juros: Selic fecha ano a 11,75% a.a., menor cotação desde 2022; entenda

Juros: Selic fecha ano a 11,75% a.a., menor cotação desde 2022; entenda

Só em agosto deste ano se iniciou a queda de 0,5% a cada novo debate.

Em último encontro de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu baixar a Selic a 11,75% ao ano. É o menor patamar do índice desde maio de 2022. Na época, a taxa básica de juros da economia brasileira começou uma trajetória crescente, chegando a 13,75% a.a. Só em agosto deste ano se iniciou a queda de 0,5% a cada novo debate.

No comunicado, o comitê afirmou que o ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos. O texto também informa que, mantendo o cenário, o os membros do comitê prevêem redução da mesma magnitude nas próximas reuniões.

Na ata de novembro, quando o patamar estava em 12,25%, a diretoria do Banco Central (BC) enfatizou o quesito inflação como essencial para a decisão de queda da Selic. “A inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com uma composição benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação”, dizia o documento. O índice sempre foi motivo batido por Roberto Campos Neto, presidente do BC, ao ser criticado sobre os juros elevados no país.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro trouxe também ambiente favorável para da queda de juros, com acumulado de 4,04% – que passa da meta do BC de 3,25%, mas fica dentro do intervalo de tolerância, com teto de 1,5 ponto percentual. Além disso, o que favoreceu a queda tão pressionada pelo atual governo?

A queda da Selic ao longo do ano resulta de um conjunto de fatores, segundo explica André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O primeiro deles é a política monetária contracionista desde 2021, que cumpriu o papel de manter a taxa de câmbio bem comportada; com a queda do câmbio ao longo deste ano também tirou muito peso dos preços, do repasse dos preços internacionais de energia e também de alimentos.

Segundo o especislista, essa é uma variável muito importante, que estava um processo avançado de desinflação. Ele explica que ela continuou de maneira sistemática e isso ajuda a entender o efeito combinado tanto dessa queda cambial quanto da redução dos preços internacionais de energia e de alimentos.

“Esses dois elementos são, para mim, as coisas fundamentais para se compreender esse processo de queda da Selic, que na medida em que ela foi reduzindo a inflação de alimentos, a inflação de energia, acomodando em parte até a própria reoneração tributária de combustíveis e também de energia elétrica, o efeito foi bem razoável”, reforça Roncaglia.

Ele diz ainda que, do ponto de vista dos serviços, o país teve um processo duradouro de uma política monetária contracionista, que evidentemente foi ajudando a reduzir um pouco o impacto da inflação do serviço. “A inflação do serviço foi cedendo, quando a gente olha os núcleos, e isso também ajuda muito a explicar esse cenário mais benigno que o Banco Central viu para o comportamento da inflação, o que permitiu essa queda continuada de 0,5% por reunião”.

“É certo afirmar, finalmente, que o cenário mais benigno de queda sustentada da inflação, ou desaceleração da inflação, acho que é mais correto dizer, foi justificando essa queda gradual. O cenário agora para 2024, ele tende a colocar outro debate que vai ser até quando pode cair, até que ponto, até que nível pode cair a Selic e em que ritmo”, finaliza.

FED manteve juros nos EUA

Na chamada Super Quarta, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão unânime está em linha com o esperado pelo mercado financeiro.

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